Com a prática do CrossFit, uma maior atenção foi dada a mobilidade, com a finalidade de melhorar performance e na prevenção de lesão. A falta de mobilidade pode gerar ineficiência no desempenho e/ou risco de lesão. O aluno com pouca mobilidade não consegue estabelecer uma biomecânica correta e sem essa posição ideal, ele está propenso a mecanismos de compensação que podem gerar a lesão.
Mas diagnosticar “falta de mobilidade” para qualquer aluno que apresente dificuldade, desconforto ou dor em certas posições pode ser um erro grave. É fundamental que o coach tenha conhecimento de anatomia e as suas peculiaridades.
As reclamações de dores mais frequentes que eu escuto no Box são em relação a ombro e quadril. Na articulação do ombro identificamos três tipos de acrômio: reto (tipo I), curvo (tipo II) e ganchoso (tipo III). Os indivíduos que possuem tipos 2 e 3 estão pré-dispostos a terem lesão no ombro (manguito rotador) e terão enorme desconforto em realizar exercícios de balanço (swing) na barra ou movimentos acima da cabeça com a pegada aberta (Overhead squat e Snatch).
A articulação do quadril é do tipo bola e soquete, onde seus movimentos necessitam de um rolamento da cabeça do fêmur no acetábulo. Se o aluno apresentar uma anormalidade óssea, irá causar um impacto e desgaste no labrum, gerando lesão.
Há o tipo CAM, onde ocorre uma saliência no colo do fêmur penetrando e danificando a cartilagem. O tipo PINCER, onde a anomalia acontece no acetábulo, sendo esse mais profundo ou retrovertido, com uma cobertura maior sobre a cabeça do fêmur. O terceiro tipo é o MISTO, onde ocorre as duas alterações citadas acima.
Esse tipo de aluno irá reclamar de dores durante exercícios que ocorra flexão e rotação interna do quadril. Esse desconforto virá quando executar exercícios como agachamentos, saltos e corridas.
Cuidar da saúde da sua articulação é tão importante quanto à melhora do condicionamento físico ou ganhos estéticos. O perigo está em achar que qualquer dificuldade que o aluno apresente em determinado exercício é falta de mobilidade, e isso não é verdade. Um bom profissional entende que há o princípio de individualidade, onde não há duas pessoas iguais, além de ter um conhecimento anatômico e antropométrico, o que permite compreender que há diferentes tipos de esqueleto e formas corporais.
Para alunos com limitações em determinados movimentos, você deve orientar exercícios de mobilidade específico para tal articulação. Se após um período houver pouca melhora no movimento e/ou seu aluno continuar a reclamar de dores/desconforto, a causa pode ser estrutural e não apenas muscular. Nesse caso é aconselhável orientar uma consulta com um médico do esporte ou ortopedista.